sábado, 20 de julho de 2013

Cidade berço do automóvel pede concordata nos EUA

INTERNACIONAL
Por Almir Cezar, de Brasília

Berço da indústria automobilística dos Estados Unidos, a cidade de Detroit tornou-se quinta-feira (18) a maior cidade estadunidense a se declarar insolvente e pedir concordata ao tribunal de falências federal. No mês passado, a cidade havia anunciado que entraria em moratória em uma parte dos US$ 18,5 bilhões que deve. As agências internacionais apontam perda de população, corrupção, gestão danosa e perdas de receitas fiscais como principais motivos para a situação de elevado endividamento a que chegou a cidade.

Se for confirmada pela Justiça, a concordata permitirá buscar acordos com os credores da cidade. Detroit segue-se a Jefferson County, San Bernardino e Stockton a pedir a proteção contra credores. Nos últimos cinco anos, 0,06% das cidades estadunidenses recorreram à concordata. Milhares cidades  dos EUA, principalmente pequenas, passam por graves crises fiscais desde o início da crise econômica de 2008.

Detroit vem enfrentando uma forte crise nos últimos anos.  O governo municipal tem sido alvo de casos de corrupção e os reduzidos investimentos em iluminação e serviços de emergência deixaram a cidade com dificuldades de policiamento. Detroit está entre as cidades mais violentas dos EUA: 1.111 crimes violentos por 100.000 habitantes em 2010, segundo dados do FBI.

Detroit, sede de empresas como Crysler, Ford e GM, vem sofrendo a quase 3 décadas por uma forte desindustrialização com a transferência de plantas fabris e pela concorrência da indústria automobilística de outros países. A população da cidade “encolheu” para 700 mil habitantes, frente ao 1,8 milhão que chegou a ter em seu auge, em 1950.

O início desse processo, no fim da década de 1980, serviu de material que inspirou a ficção científica distópica RoboCop, filme dirigido por Paul Verhoeven, em que no futuro esta cidade tomada pela recessão e alta criminalidade passa pela introdução de um tipo novo de policial, ciborgue, construído por um grande corporação empresarial monopolista, que está comprando as dívidas municipais e privatizando seus serviços públicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário