quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Protesto de servidores termina com forte repressão no Rio

Trabalhadores protestaram contra a privatização da Cedae e do aumento da contribuição previdenciária, entre outros temas


Por Rodrigo Noel



O fim do recesso parlamentar já apontava o retorno do pacote de austeridade do governo estadual a ALERJ, também conhecido como "Pacote de Maldades de Pezão e Dornelles". Dentre as diversas medidas que atacam direitos da população ao acesso a serviços públicos de qualidade, o pacote prevê o aumento da contribuição previdenciária dos servidores estaduais para 14%, um confisco adicional de 8% nos salários por 3 anos, a privatização da companhia estadual de água e esgoto (CEDAE), congelamento de salários, entre outras medidas como a extinção de algumas secretarias estaduais.



A manifestação dos servidores iniciou as 12h de ontem (1º) e contou com a presença de diversas categorias, desde a segurança pública até a educação, passando pelos serventuários e profissionais da saúde, além, é claro, dos trabalhadores da CEDAE.



Segundo Ary Girota, funcionário da CEDAE, a proposta do governo vai levar a mais desemprego. "São 6.000 trabalhadores, contratados sob regime da CLT, prestes a serem demitidos", disse. Ary também falou sobre a forte repressão da Polícia Militar do Estado do RJ. "O ato ficou marcado pela repressão abusiva da polícia militar, usaram muitas bombas. Alguns trabalhadores da CEDAE estavam pela primeira vez em um ato, já possuem idade avançada e passaram mal, foi muito desproporcional", afirmou. Ary também afirmou que na próxima sexta-feira a categoria fará uma assembleia e que a proposta de paralisação das atividades será discutida, como forma de pressionar os deputados estaduais a não aprovarem a proposta de entrega da companhia para o governo federal. O governo de Michel Temer e Henrique Meireles quer a CEDAE como garantia para a concessão de empréstimo para pagamento e regularização da folha salarial do Estado do RJ.



Repressão, pilhagem e negociatas: marca registrada do PMDB



Enquanto no plenário do Palácio Tiradentes, sede do legislativo estadual, o deputado Jorge Picciani se reelegia para o comando da Casa, no lado de fora da ALERJ a repressão corria sem freio. Uma verdadeira chuva de bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, gás de pimenta e cassetetes. Mesmo com a presença massiva de manifestantes, muitos deles aposentados e aposentadas, o aparato de repressão não se intimidou. Nem com os registros das câmeras, apesar de numerosas.



Assim como nos becos e vielas das comunidades cariocas, a PMERJ perdeu o medo de ser repreendida também no asfalto. O pudor se foi. Vide Rafael Braga, Amarildo, Cláudia Silva e tantos outros, invisibilizados pela mídia corporativa ou (quando lembrados) tratados como dispensáveis, a carne mais barata. 



Para a advogada Isabela Blanco, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, as ações desmedidas da polícia militar têm responsáveis. "Vamos nos reunir até o final da semana para discutir como coibir estes ataques as liberdades democráticas", afirmou.



Os anos de pilhagem e isenções fiscais oferecidas por seguidos governos do PMDB no RJ levaram o Estado a falência. A bancarrota levou o caos a UERJ, a calamidade da saúde e agora os responsáveis querem que o povo trabalhador pague a conta. Na próxima segunda-feira (6) os servidores prometem novo ato na porta da ALERJ. Ainda tem muita luta pela frente.

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